Em outras áreas com o setor do varejo mais centralizado e integrado às distribuidoras e fabricantes, algumas soluções - ainda não factíveis nas pequenas lojas de material de construção - já são utilizadas em outros universos do comércio. Duas palavras resumem as novas soluções para otimizar gestão da equipe, funcionamento da loja, relacionamento e experiência do cliente: automação e dados.

Em palestra para a ShopTalk em abril do ano passado, Daniel Alegre, o presidente de parcerias globais da Google falou da especialidade de sua empresa: a coleta e análise de dados. Ele contou sobre as possibilidades que a análise do comportamento online de clientes pode gerar para o varejo em relação a vendas, omnichannel e a personalização da experiência do cliente.

Durante o evento, Daniel apresentou como grande novidade a plataforma de sua empresa que poderá auxiliar os varejistas com questões relacionadas ao universo digital: o Google Shopping Actions.

“90% da informação no mundo foi criada nos últimos anos. Mas só 1% desta informação está sendo analisada. Não são todas as empresas que possuem os bilhões de dólares necessários para extrair estes dados e entendê-los”- Daniel Alegre.

O futuro da loja física

Iniciativas como a da Google podem ser o ponto de partida para a integração digital do varejo de Matcon para atender seus clientes por diferentes canais. Com o passar do tempo, a tendência é que mais projetos semelhantes apareçam com processos cada vez mais intuitivos e facilitados para que usuários sem recursos financeiros e humanos em suas empresas possam realizar esta transição.

Para diminuir a fricção de clientes em lojas físicas, muitos casos já mostraram como o mundo analógico e digital são também complementares, e não somente concorrentes. No vídeo abaixo, o especialista em varejo Eduardo Terra explica como o modelo de e-commerce a partir da distribuição independente e não colaborativa é oneroso

Da mesma forma, que no caso citado no vídeo entre AliBaba e Heba, porque algo semelhante não ocorreria na área de construção nos próximos anos?

 No ano passado, a Amazon apresentou a primeira loja “sem fricção”, uma espécie de supermercado sem caixas, e portanto, sem filas ou demoras. Com a apresentação do app em catracas na entrada do estabelecimento, os clientes podem entrar e simplesmente colocar mercadorias em suas sacolas enquanto o sistema avançado de câmeras instalado na loja identifica e cobra os produtos online na conta do usuário.

Claro que a sustentabilidade de um sistema tão inovador e disruptivo ainda não é possível para grande parte do mercado, mas o caso ilustra como a tecnologia pode aumentar ainda mais a integração entre virtual e real na experiência do cliente, enquanto diminui experiências desagradáveis.

O grande problema é que o processo de vendas puramente analógico também não será mais sustentável. A partir desta realização, a combinação (ou conflito, em alguns casos) entre os universos ficará ainda mais evidente.

 O caso Amazon mostra a possibilidade de lojas se tornarem pontos de retiradas de produtos, mantendo somente o insubstituível das vendas do mundo real: a conexão humana. Como forma de aproveitar esta faceta importante, as lojas do futuro devem investir na experiência do cliente dando atenção especial ao atendimento e ao visual da loja.

Em resumo, cabe agora ao varejo definir, a partir da coleta e análise de dados que mostrem o comportamento e desejo do cliente, estratégias que unam eficientemente todos os canais pelos quais a empresa pode alcançar seus compradores. Para todos estes, será necessário o uso de novas tecnologias que tornem os processos mais produtivos e automáticos, prestando assim o melhor serviço personalizado possível ao cliente.

Na virada da segunda década do século 21, a internet apresenta ao mundo uma série de possibilidades e desafios ao sistema defasado em que nossa economia se baseia. Para um dos setores varejistas mais atrasados e descentralizados do Brasil, a questão se torna ainda mais desafiadora e urgente.

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